Modernidade liquida – A filosofia de Zygmunt Bauman

modernidade liquida
Zygmunt Bauman sociólogo e filósofo polonês.

A especulação filosófica e sociológica de Zygmunt Bauman, aborda por meio de diversas análises do fenômeno da globalização e – do estudo da vida ao quadro político, até chegar à modernidade líquida: superando a própria pós-modernidade.

Como consequência, termos como indivíduo, sociedade, ética, poder e religião tornam-se os pontos centrais mais significativos da realidade presente. Esta ação cria um estado dimensional em que o duradouro dá lugar ao transitório, a necessidade do desejo é convertida a necessidade do utilitário.

O que é modernidade liquida

Modernidade líquida é o termo usado pelo sociólogo Zygmunt Bauman para representar a condição atual do mundo em contraste com a modernidade antiga, considerada “sólida”, anterior.

Na visão de Bauman, a conversão da modernidade “sólida” para a “líquida” trouxe um cenário novo e sem precedentes para as atividades humanas. Esta situação fez com que os indivíduos se deparassem com desafios nunca antes encontrados.

As formas e instituições sociais não têm mais tempo para se solidificar em todos os meios que atuam. Nem tampouco podem servir de quadro de referência para as ações humanas, nem como objetos com papéis eternos e planos de vida de longo prazo.

Por esta razão os indivíduos precisam encontrar outras formas de organizar suas vidas.

A visão de Bauman do mundo atual é que nele os indivíduos devem juntar uma série interminável de projetos e episódios de curto prazo.

Estes não deve atingir a sequência para a qual conceitos como “carreira” e “progresso” podem ser representados.

Essas vidas fragmentadas exigem que os indivíduos sejam móveis, flexíveis e adaptáveis. Também exigem que ​​estejam constantemente em alerta e dispostos a mudar de tática em pouco tempo.

Simultaneamente implica deixar compromissos e lealdades sem comprometer os pensamentos e a buscar oportunidades de acordo com sua disponibilidade atual e os novos desejos.

Como são representados os tempos liquidos

Os tempos líquidos são representados pela incerteza. Na modernidade líquida, o indivíduo deve agir, planejar ações e calcular os ganhos e perdas prováveis ​​de agir (ou mesmo não agir) sob condições de incerteza sempre presente.

O tempo que leva para considerar totalmente as opções e tomar decisões totalmente formadas não é mais extenso.

À medida que a sociedade avança, a criação de valor se liquefaz e começa a fluir sem barreiras, criando o tempo de produção básico para que o valor diminua

Para se manter vivo, produtos e interfaces devem mudar rapidamente de espaços de alta resistência e baixa usabilidade para espaços de baixa resistência e interação do usuário máxima. Interfaces bem-sucedidas levam a um estado líquido de fluxo em seus usuários.

Os ambientes estão se tornando sabidos das informações relevantes e são capazes de usar dados contextuais em jogo quando necessário.

Diferenças entre modernidade liquida e solida

Zygmunt Bauman é um dos maiores intérpretes da atualidade. Um dos filósofos mais pesquisados e que possuem mais referência para outros pensadores, em uma época de mudança constante e implacável.

Esta não é mais definida como era moderna, nem a pós-moderna, em sua teoria, pode ser bem identificado como modernidade líquida.

Este conceito é capaz de reconhecer as transformações que afetam a vida humana no que diz respeito às determinações políticas gerais da vida.

Modernidade e pós-modernidade

Além disso, a modernidade líquida de Bauman é um termo também que pode superar o conceito de pós-modernismo.

Esta em essência, se inclina para o mundo contemporâneo: a realidade em que a vida considera muito o que é passageiro em vez de permanente. O agora em vez de longo prazo; e considera a utilidade a qualquer outro valor.

É fundamental entender de maneira antecipada e profunda o conceito de liquidez em torno do qual Bauman tece sua mais recente reflexão filosófica e sociológica.

Solidez e liquidez são os traços marcantes de duas épocas: modernidade e pós-modernidade, que se torna modernidade líquida no que se refere à existência contemporânea.

É uma existência onde a necessidade substitui o desejo que rouba força do homem nas constantes mudanças e transformações, que prejudicam sua vida e que mudam a identidade de fato em tarefa. Cada individuo esbarra na autoconstrução que substitui o projeto.

A relação entre individuo e sociedade

Na verdade, em nossa era contemporânea, a relação entre o indivíduo e toda a sociedade está se transformando. Os conceitos de identidade, indivíduo e individualidade estão se tornando vazios de sentido.

O mundo exige do indivíduo uma caçada constante e cada vez mais polêmica pela identidade e reconhecimento de parâmetros de padronização para a conquista do “papel” de indivíduo, pois, hoje, ter identidade é uma tarefa.

O entedimento do conceito de consumo de líquidos nos dá uma base teórica de que necessitamos para compreender por que e como os consumidores às vezes não desejam possuir coisas, podem não querer vincular suas identidades com seu consumo, ou podem não desejar criar vínculos com uma marca ou outras que a usem marca.

Embora não projetamos argumentos que todo consumo se tornará líquido no futuro, o consumo líquido vai contra muitos dos pilares do comportamento do consumidor.

Como a importância intrínseca das posses e propriedade, a natureza das relações com os objetos e a natureza dos vínculos com a marca e também comunidades levanta questões sobre onde reside o valor para o consumidor no processo ciclo de consumo

O individuo na sociedade líquida

Ser um indivíduo na sociedade líquida não indica apenas ser um bom consumidor consciente, mas também um produto a ser disputado no mercado global.

Tal condição requer não apenas a compra de “artigos que todos compram”. Implica também, a conquista de um “corpo da moda”, quebrando o conceito da nossa própria fisicalidade, para a escolha real direta e independente do corpo que queremos que os outros veem em nós.

Seguindo este padrão, a visão futurista de Bauman indica que “ser adequado para o global” não representa um estado final, com base nas remodelações que são continuamente geradas pelas políticas do mercado global.

É bom citar que não só comprar o que nos torna “exemplos” ao contemporâneo, mas acima de tudo, mudar a nós próprios, a parte mais próxima da nossa possibilidade de manipulação e intervenção: nosso corpo físico.

A gestão autônoma do nosso corpo, responsabilidade pessoal, que carrega a “responsabilidade de ser pessoa que consome e é consumido”, parte do conceito de ter e não de ser.

Conceito de “ter” na modernidade líquida

Ter significa possuir porque alguma forma de controle, que é capaz de trazer segurança em um mundo carente de seus sólidos referenciais.

Por isso as condições de ter refletem também sobre o corpo do homem contemporâneo. O individuo encontra nesse aspecto uma forma de certeza: manipular e sempre controlar todos os meios físicos em busca de seus objetivos.

A incorporação e a posse fazem parte do ter. O consumismo é provavelmente o conceito o mais importante para a sociedade industrial de hoje.

Características do consumo

O ato de consumir é uma forma indireta de ter. O consumo tem características diversas: alivia a ansiedade, porque o que se tem, por teoria não podia ser retirado, mas também exige que o consumidor consiga consumir cada vez mais.

O consumo no passado não nos parece tão mais significativo hoje.

Esse conceito vicioso, que corre entre a posse e o consumo, é o efeito mais claro do que Bauman denomina modernidade líquida.

Em contra ponto ao pós-modernismo há uma relação contínua com o processo de modernização, que teve seu início nos tempos modernos – mas se prolonga ainda e se intensifica até atingir a liquidez de nosso tempo, caracterizada pelo consumismo exagerado.

Convergência entre identidade e consumo

É nessa convergência entre identidade e consumo que está presente uma das características principais da nossa época. Em nossa sociedade contemporânea, nos relacionamos como membros antes de nos percebemos como consumidores.

Só em um segundo momento, e em parte, nos envolvemos com os produtores.

Para preencher aos padrões de normalidade e ser aceitos como membros maduros e respeitáveis ​​da sociedade, devemos responder de forma ágil e  com eficiência às tentações do mercado de bens de consumo.

Isso significa que se nos tempos modernos o consumo assume a função de um papel secundário em relação à escala de produção.

No mundo contemporâneo pós-moderno a capacidade de uma pessoa de consumir determina seu próprio papel social na sociedade.

Esta não mais limitada ao contexto local, religioso, dimensão física ou da sua rotina. Mas, inserida em uma sociedade macro que exige requisitos de entrada precisos e específicos.

E o acesso, consumo e construção recai diretamente sobre a responsabilidade do indivíduo, que, para desenvolver e manter sua individualidade, prefere investir seus recursos econômicos disponíveis para a compra daqueles meios de ser bem classificado no que para si importa.

O individuo visto como unidade momentânea

Como consequência, o indivíduo é visto como uma unidade momentânea da nuvem com similaridades que passa e impulsiona uma segunda nuvem.

A escolha é o que agrega valor em um mundo líquido. Definitivamente esses espaços devem ser repensados ​​e redesenhados de acordo com certos valores capazes de moldar todas as comunidades nas quais o indivíduo – consumidor possa pertencer e cumprir seu sentimento de aceitação.

Segundo Bauman, os shoppings são similares em função as colmeias. Aqueles trazem ao mundo físico a representação de uma comunidade idealmente similar: um local com pessoas com um perfil semelhante, tanto geograficamente e socialmente.

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Recepcionista observando o fluxo de pessoas

Nesse cenário, os locais de compras e consumo, oferecem o que nenhuma realidade introduzida exterior pode propor: um equilíbrio quase perfeito entre liberdade e segurança.

Dentro de seus templos, os compradores / consumidores também podem encontrar o que pesquisavam em outros campos. Incluindo aí a confortável sensação de pertencer a um grupo bem visto e bem definido.

Participar deste grupo é uma das formas pelas quais o consumo pode se basear. Esta tem sido uma atividade primária do homem contemporâneo cada vez mais atuante. E, acima de tudo, o princípio da inclusão e exclusão do sujeito.

O consumo visto como convívio social

Portanto, o consumo passa a ser um requisito forte de convívio social, que, no cenário, agrega o sentimento de pertencimento pela necessidade de inclusão.

Esse processo evita a inclusão daqueles que não possuem os meios necessários para realizar essa atividade ou esse consumo, que, de fato, permanece essencialmente solitária.

Nesse cenário de liquidez, o imediatismo trazido a rotina através do oferecimento em todos os momentos por novos conteúdos, produzido pelas novas tecnologias de mídia, é o principal meio de analisar o atual status.

Problemática, a sociologia de Zygmunt Bauman, se mantém significativa e extremamente útil para ajudar a pensar sobre as mudanças e transformações contemporâneas, da relação do meio com o ser.

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