O silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo

Da arquibancada alguns torcedores gritavam “macaco, macaco, macaco”. O alvo era o jogador santista Arouca, vitima de preconceito. O xingamento dos insensíveis à Arouca foi uma clara alusão à cor da sua pele. 

O preconceito manifestado de forma tão vil constatou com o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo, considerado o Rei do Futebol e igualmente negro.

O episódio aconteceu após o termino da partida entre o Santos e o Mogi Mirim, partida valida pelo campeonato Paulista.

O jogador Arouca não se intimidou, em entrevista foi de uma eloquência impar ao afirmar: “Antes de ser jogador sou ser-humano, pai, marido, cidadão, carioca de origem e santista de coração.

Tenho a pele negra, cabelo afro e visto o mesmo manto branco que vestiu o Rei. Carrego orgulho no peito e sou grato a Deus por tudo isso.”

As palavras acima poderiam ser de Pelé, tendo igualmente a pele negra, o cabelo afro e santista de coração. Poderia ser, mas não são.

Mais uma vez o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo machuca a sociedade. O manto branco que vestiu o Rei, a que se refere Arouca está manchado de covardia.

A ignomínia cobriu o manto que outrora fora branco no corpo de Pelé. O cidadão Edson Arantes do Nascimento (Pelé) afirma ter três corações por haver nascido na cidade mineira de Três Corações.

Todos os três tomados pela covardia, todos os três manifestando o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo.

Quem esperava que o jogador Arouca permanecesse calado após as ofensas, viu um bravo que foi a luta, que ao invés de recuar da frente de batalha, avançou e mostrou o peito para as baionetas da intolerância.

O firme exemplo do jogador Arouca

Arouca divulgou nota lembrando a sua história, lembrando a genialidade de Leônidas – chamado de O Diamante Negro, e Romário, hoje Deputado Federal (PSB-RJ).

Tenho muito orgulho das minhas origens africanas, que foi o que o sujeito tentou usar para me ofender, dizendo que eu deveria procurar alguma seleção de lá para jogar.

Dando a entender que um negro igual a mim não serve para defender a seleção brasileira.

Como se algumas das páginas mais bonitas da história da nossa Seleção não tivessem sido escritas por jogadores como Leônidas, Romário e pelo Rei Pelé, também negros.

Caso semelhante de racismo aconteceu com o árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva, que foi vitimado enquanto apitava a partida entre Esportivo e Veranópolis, na quarta-feira à noite (05/02). Jogo válido pelo Campeonato Gaúcho.

Os agressores esgotaram todos os xingamentos racistas contra o árbitro Márcio Chagas. Não contentes, ainda depredaram seu carro que estava estacionado dentro da área restrita no estádio do clube. O episódio ficou conhecido como Os racistas de Bento Gonçalves.

Dilma se manifesta sobre o racismo

Diversas autoridades e pessoas públicas condenaram veementemente o episódio, dentre elas o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP).

No Twitter a Presidente Dilma condenou os atos de racismo no futebol, convocando os lideres religiosos de todo o mundo a enviarem manifestações contra o Racismo. Mais uma vez o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo foi escandalosamente notado.

O técnico São Paulino Muricy Ramalho, que já foi treinador do Arouca no Santos, fez uma defesa do jogador santista que por certo deixou os agressores humilhados.

Suas palavras valeram um campeonato dentre os tantos que ele conquistou na condição de treinador de futebol:

Se ficassem dois minutos com o Arouca para saber quem ele é. Que tipo de pai, que tipo de amigo ele é, que tipo de cidadão… Trabalhei com ele dois anos, no Santos e aqui (no São Paulo).

É diferente como pessoa, tem caráter. Não tem o que discutir a gente fica indignado.

 Finalizou Muricy.

Nestas ocasiões alguém já viu Pelé sair e se posicionar a favor do ofendido. Pois é, Pelé é um rei destronado. É um súdito como os demais, com a diferença que é um súdito acomodado e covarde.

No reino animal, sempre há o dominante da vez. Pelé nunca exerceu este domínio no que lhe tange frente a responsabilidade que forçosamente se lhe impõe. Prefere o silêncio. Uma vez mais gritou o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo.

O exemplo de Ray Charles

o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo

O cantor norte-americano Ray Charles Robinson, ou simplesmente Ray Charles se recusou a se apresentar na Geórgia por não querer se apresentar numa casa de espetáculos que praticava segregação racial. Esta atitude corajosa lhe rendeu inúmeras perseguições e até prisão.

Tempos mais tarde, por conta de seu carisma e talento, Ray Charles ouviu embevecido o pedido de desculpas das autoridades da Geórgia e tendo a canção “Georgia On My Mind” designada como hino oficial daquele estado.

Em toda a sua vida Pelé se acovardou. Nas poucas vezes que abriu a boca foi para dizer besteiras e defender a corrupção, minimizando-a por conta do futebol que julga essencial em detrimento de hospitais e outras benfeitorias públicas.

O ex-jogador e congressista Romário ironizou Pelé ao declarar que “Pelé calado é um poeta”.

Pelé se manifesta na mídia, sim ele o faz. E quando isto acontece comete gafes, sendo considerado o “Rei das gafes”, isto quando não escandaliza as pessoas de bem com suas declarações.

A mais recente delas foi quando afirmou que o brasileiro deve esquecer os protestos que varreram o país em 2013 e pensar na seleção.

Em 1996, Pelé deu uma declaração afirmando ser covarde e interesseiro: “Fui covarde, quando jogava. Só me preocupava com a evolução da minha carreira.”

Finalizando, continuaremos a registrar o silêncio perturbador de Pelé frente ao racismo. Afinal, ele não tem que preocupar-se com mais nada que não seja o seu conforto físico, interesses e conveniências.

Pelé esta rico e seguro na sua velhice. Sua genialidade com a bola lhe garantiu um futuro confortável, livre de dissabores. Por que sua majestade iria se preocupar com coisas que dizem respeito apenas aos miseráveis mortais?

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