O que é Tecnostress? Em termos simples, tecnostress é o stress derivado pelo uso excessivo da tecnologia. A palavra stress é derivada do latim. Durante o século XVII ganhou conotação de “adversidade” ou “aflição”.
No final do século seguinte, seu uso evoluiu para expressar “força”, “pressão” ou “esforço”. O conceito de stress não é novo, mas foi apenas no início do século XX que estudiosos das ciências biológicas e sociais iniciaram a investigação de seus efeitos na saúde física e mental das pessoas.
A tecnologia surgiu da inteligência do homem, ele foi construindo coisas para melhorar a sua vida e isso é tecnologia. A partir do primeiro artefato criado pelo homem, estava criada a tecnologia. Entretanto, a tecnologia como a entendemos hoje é oriunda da Revolução Industrial.
A partir da década de 90 do século XX, quando começaram a surgir os primeiros computadores à venda nas lojas, as nossas vidas mudaram radicalmente.
A evolução tecnológica é muito grande e muito rápida. Para se ter uma idéia, o homem foi à lua com computadores que juntos, se comparados, tem um processamento igual a uma calculadora de mão, daquelas compradas em qualquer loja e que damos para nossas crianças brincarem.
Anuncia-se ainda para esse ano de 2015, processadores com 10 núcleos, o Helio X20 da Mdiatec. A idéia é que quanto mais poder de processamento, mais rápido faremos qualquer tarefa. E é justamente ai que mora o grande problema do tecnostress.
O principio da Biblioteca
Na TV a cabo brasileira passa um programa chamado Acumuladores, onde nos mostra a cada semana pessoas que juntam tanta tranqueira que acabam reféns dos objetos que juntaram.
Lembro-me de ter visto um homem juntar jornais, revistas, panelas e móveis velhos o suficiente para que uma casa grande fosse inundada de muita coisa inútil, portanto lixo.
Havia labirintos quase no teto, como trilhas, no meio de tanta coisa inútil. O homem dormia numa cadeira, porque não tinha espaço para uma cama.
O seu quarto era intransitável, não dava para entrar e mal dava para abrir a porta. O homem dormia na cadeira que estava na cozinha. O espaço tinha apenas um metro e meio mais ou menos livre para transitar e cozinhar, numa casa inteira de vários cômodos. Aliás, cozinhar no meio de tanto papel e objetos era algo temerário.
É óbvio que esse homem retratado no programa é um caso extremo de acumulador. Este é o nome que a ciência tem dado a pessoas que juntam coisas, muitas aparentemente inúteis e que mostram que existem problemas mentais em muitas delas. Mas de alguma maneira o homem tem uma necessidade de juntar, ou guardar coisas.
O surgimento das primeiras bibliotecas
As primeiras bibliotecas e museus surgiram da necessidade de guardar aquele livro, ou documento para a posteridade, assim como o objeto encontrado de alguma civilização.
A internet pode ser chamada facilmente de Torre de Babel, que é a maneira social mais globalizada que podemos ter até o momento. A internet tem tradutores para todas as línguas do mundo.
O acesso a qualquer site, em qualquer língua é sem duvidas a maior biblioteca já vista alguma vez no mundo até agora.
O acesso fácil a praticamente todos os mais importantes livros do mundo, na língua original. Assim como a praticamente todos os filmes já lançados até hoje, desde os primeiros, assim como a interação, onde não apenas usufruímos dos escritos, vídeos ou musicas, mas criamos conteúdo, visual ou auditivo.
Tecnostress, overdose de tecnologia
A tecnologia é fascinante. As máquinas são rápidas e nos permitem fazer uma série de coisas até a bem pouco tempo inimagináveis.
O mundo todo está a um clique no mouse do computador. Enviamos e recebemos mensagens eletrônicas de um lugar para qualquer outro. Em minutos estamos falando com familiares ou amigos que podem estar do outro lado do mundo.
Nunca o acesso social foi tão grande. È impensável hoje, não ter um computador de mesa ou notebook, celular ou tablet de ultima geração. A cada dia milhares de pessoas cria um perfil numa página social qualquer.
Tudo isso foi criado para que a nossa vida tivesse mais qualidade, não é mesmo? Porém não é o que estamos vendo. O tecnostress, que é a overdose de tecnologia, com o qual não estamos sabendo lidar, tem nos roubado a saúde, o tempo e a vida.
Como lidar com a explosão de conteúdo
Nunca o mundo teve tanta informação à mão como tem hoje. Há uma explosão de conteúdo, mas não sabemos como lidar com ela. E essa informação instantânea tem nos aprisionado.
Estamos estressados tecnologicamente.
Há um boom tão grande de tecnologia à nossa mão agora, assim como existe uma gama cada vez maior e melhor de novas tecnologias, novos objetos, como cartão de memória de 512 GB da Sandisk, que é maior do que o HD de muitos notebooks.
Ou um celular de Quad Core, ou seja, um celular com processador de quatro núcleos, eu é mais ou menos o mesmo que quatro processadores em um. É muito mais poder de processamento do que o usuário comum pode pensar em usar.
É muito mais celular do que vamos precisar, mas o problema é que como temos á mão tanta informação instantânea, precisamos ver mais, ler mais, entender mais em menor tempo.
Imaginamos então que poderemos alcançar o nível de um computador de vários núcleos, ou ficarmos conectados dias e dias sem descanso. E possível aos computadores comuns que temos em casa e que teoricamente, não precisa desligar nunca. É isso mesmo, os nossos computadores são desenhados de forma que não precisam mais serem desligados.
O que comprova isso é o dispositivo soneca, que todos os computadores e notebooks tem, que é a mesma função dos celulares e smartphones, ou nossas TVs, ou microondas que chamamos de stand by, onde o objeto não está desligado, mas em espera.
O homem não é uma máquina que pode ficar conectado dias e noites intermináveis. Assim como o homem precisa absorver o que aprendeu, para aquilo não ser apenas conhecimento inútil. A mente humana é reorganizada enquanto dormimos. Precisamos ter a rotina do sono de volta.
Os efeitos da tecnologia nas relações humanas
Nós nos comunicamos das mais variadas formas com as pessoas, através da tecnologia, seja telefone, celular, facebook, webcam, fax, ou outro meio qualquer.
Apesar de se ter vantagens reconhecidas, isso tem um lado negro, parece que não funcionamos mais sem tecnologia. Há um vicio crescente tecnológico, que não é acompanhado pelo aumento de qualidade de vida. Estamos reféns da tecnologia.
A tecnologia que foi criada para ser um complemento para nós, que deveria, pelo menos na teoria, nos dar mais tempo livre para usufruirmos a vida com os que amamos, tem roubado o nosso tempo e até a nossa saúde. Estamos mais irritados do que nunca, com tanta tecnologia.
Estamos nos sentindo mais incapazes do que nunca, ao não acompanhar ao mesmo tempo todas as séries que estão saindo.
Não estamos conhecendo todas as musicas que são colocadas diariamente no Youtube, ou Vimeo. Nos estressamos por não saber tão rápido, como outros, sobre os jogos do momento.
É inegável a frustração conosco mesmo em não ler tudo o eu postaram no Instagram, ou ser o segundo a saber que vai sair um filme novo que vai bombar. Estamos viciados.
Tecnostress, a doença da conectividade
O Brasil tem um órgão que mede o nível de stress do brasileiro, o ISMA-BR, que está medindo, junto a outros órgãos mundiais o nível do tecnostress, conhecidamente a doença da conectividade.
Estressamos-nos porque o nosso celular de ultima geração demora segundos preciosos para se comunicar com alguma localidade do outro lado do mundo.
Estressamos-nos porque os micros cada vez mais rápidos, demoram dez segundos para desligar. Estressamos-nos porque o novo tablet, ou celular, carregado de novos programas, não foi dominado por nós em coisa de cinco minutos.
Queremos o entendimento instantâneo, sem ler os manuais de funcionamento. Queremos o Windows intuitivo e mastigado, em detrimento do Linux, que é mais robusto, melhor, mas necessita de um nível básico de aprendizado. Essa tensão toda chamamos de tecnostress.
E o tempo, que é um dos maiores fatores de criação de tanta tecnologia, é que mais tem sido roubado pelo tecnostress, o mal da modernidade, onde o jovem ou o velho, a criança ou a dona de casa, de uma maneira ou de outra sofrem com isso.
Se houve algo que a tecnologia crescente fez, foi certamente esticar o nosso dia de trabalho e comprometer cada vez mais a nossa qualidade de vida.
Depois das oito horas diárias, iludidos vamos perdendo horas ainda com mensagens eletrônicas, ou a ultima noticia do dia, ou o ultimo compartilhamento, ou a ultima foto. Perdemos horas, além do nosso dia de trabalho e nem notamos. E isso tem roubado também o nosso tempo para a família.
Sintomas do tecnoestressado
Físicos
Dores musculares nas costas, nos ombros, no pescoço, nos braços
Dor de cabeça
Disfunções do sono (insônia, sono agitado, pesadelos)
Falta de concentração
Emocionais
Frustração
Raiva
Irritação
Comportamentais
Isolamento social
Disfunção sexual (perda de libido)
Falta de iniciativa (passividade)
Fadiga visual
Olhos vermelhos e secos, dores de cabeça, visão embaçada e dificuldade em focar objetos são alguns sintomas da doença que afeta 75% dos usuários e causa miopia transitória em crianças.
Possíveis soluções ao tecnostress
Policiamento – Devemos nos policiar, quando entendemos que estamos ficando reféns de uma tecnologia que está ai para nos auxiliar a viver melhor e não pior. Se a nossa vida está sendo afetada, devemos fazer mudanças, algumas talvez até mesmo radicais, como se livrar do celular.
Lembro-me que um irmão vendeu o seu computador recém comprado, porque entendeu que a família toda, ele, a esposa e o filho adolescente, não tinham mais tempo de orar, depois do computador. Com o computador que Deus deu, eles não tinham mais tempo pra Deus.
Rotina – O nosso dia é feito apenas de vinte e quatro horas, que devem ser divididos em três períodos, mais ou menos, dependendo de cada um. Uma terça parte, portanto oito horas, para o trabalho, mais oito horas de sono, que é inegociável, e oito horas com a família, que também é inegociável.
Podemos comprometer tudo isso, quando usamos o nosso tempo de trabalho, sono ou família, com mais e mais informações intermináveis.
Entendimento – Acredito que nos falte entendimento que tudo tem o seu tempo e sua hora e a tecnologia está ai para nos auxiliar a termos mais tempo e não menos. A pressa de fazer um macarrão instantâneo no microondas não substitui o prazer de fazer um jantar com a família.
É inegável o bom aprendizado que podemos ter com a Internet, mas é necessário também, quando se fala de aprendizado, a interiorização, a absorção do conteúdo aprendido.
O excesso de tecnologia é prejudicial
Precisamos entender que o celular serve para nos comunicar com as pessoas, mas isso não substitui andar juntos no parque, ou passar a noite jogando conversa fora. As pessoas estão indo à praia, ou ao campo descansar e levam notebooks e celulares, que lhes rouba o tempo.
A luta pela verdadeira qualidade de vida – A geração de uns vinte anos pra cá não sabe o que é viver sem tecnologia. O excesso de tecnologia só nos apressa e isso tira a qualidade de nossas vidas.
Tira a qualidade de nossas conversas, ou o tempo junto aos filhos. Muitos não sabem o que é chegar em casa e não ligar a TV, ou deixar o celular desligado.
Se você está lendo esse texto, com tanta informação não absorvida na mente, com sono, irritado, celular tocando sem parar, mais um jogo pra jogar, mais uma série pra assistir, a louça jogada de lado, a casa e o marido abandonados, ou a esposa esquecida num canto, então pode ser que você esteja passando pelo tecnostress e precise rever alguns conceitos.
Seja radical e passe alguns dias sem tecnologia nenhuma. Converse mais com as pessoas de carne e osso, olhe nos olhos, pare, descanse, viva.
Juraci Rocha, o editor escreve neste blog com o propósito e expectativa de apresentar o homem, poço de incoerências, um retrato de imprevisibilidade